A Operação Condor, que no decorrer de seu desenvolvimento no Brasil
passou a ser conhecida como Operação
Carcará, foi uma aliança político-militar entre regimes militares e a Agência Central de Inteligência dos Estados
Unidos - Central Intelligence Agency - a CIA.
Ocorreu entre as décadas de
1970 e 1980 e seus membros eram o Brasil, Chile, Argentina, Bolívia, Uruguai,
Paraguai e Estados Unidos. O objetivo era o de coordenar a repressão aos
opositores das ditaduras da época, eliminando líderes de países de esquerda
instalados na América do Sul. A Operação também servia para reagir a OLAS -
Organização Latino Americana de Solidariedade, criada por Fidel Castro e que
visava praticar algumas ideias de Che Guevara, realizando a luta armada para se
livrar dos governos capitalistas.
A iniciativa da criação da
operação foi do governo chileno, tendo sua ideia acolhida pelos demais países
posteriormente. O nome Condor foi dado em referência ao abutre que vive nos
Andes e que se alimenta de carne podre, semelhante aos urubus.
Os grupos de esquerda eram,
em sua maioria, guerrilheiros com ideologias socialistas que seguiam os moldes
da filosofia radical de Stalin. Recebiam total apoio de Fidel Castro e
objetivavam levar o governo socialista da antiga União Soviética e da China à
todos os países da América Latina. Para conseguirem recursos financeiros, esses
grupos realizavam ações criminosas, como sequestros e roubos a bancos.
A jurisdição para a
Operação contemplava todos os países envolvidos na Operação, onde era negado
todos os direitos políticos e humanos aos perseguidos e capturados pelos
agentes, dessa forma, eram levados de um território a outro sob a acusação de
terrorismo.
Apesar da união, a
divulgação de informações não era tão explicita como é hoje, dessa forma, a
Operação corria sob sigilo dos países envolvidos e embora houvessem suspeitas
do envolvimento de governos, estes nunca confirmavam. Foi em 1978 que tornou-se
explicitamente público o envolvimento do Brasil e do Uruguai na Operação
Condor.
Na ocasião o exército
uruguaio viajou clandestinamente para o Brasil, sob o consentimento do regime
militar nacional, para a cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Lá,
sequestraram um casal com seus filhos de 8 e 3 anos. Universindo e Lilian eram
opositores do governo uruguaio. A Operação fracassou depois que alguém avisou,
anonimamente, à um jornalista e um fotografo da revista Veja sobre o ocorrido.
Foram até o apartamento do casal e lá foram confundidos com militantes, sendo
sequestrados. Universindo e seus filhos já haviam sido levados para o Uruguai,
mas Lilian ainda estava presa em casa, de forma que com o mal entendido, os
soldados levaram os três para o país vizinho.
Dois anos depois, dois
inspetores do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) foram condenados
pela justiça brasileira. Onze anos mais tarde, o governo gaúcho reconheceu o
sequestro e indenizou Lilian e Universindo, fato que posteriormente foi seguido
pelo governo uruguaio. O casal e seus filhos são os únicos sobreviventes de uma
ação da Operação Condor.
Investigações foram abertas
após 2001 a fim de investigar a morte de João Goulart, Juscelino Kubitschek e
Carlos Lacerda, mortos por serem um governo de oposição. A primeira solicitação
de investigação foi feita pelo filho de Jango, após uma conversa com o uruguaio
Mario Neira Barreto, onde o mesmo sugere que houve envenenamento através da
adulteração dos remédios de uso contínuo de João Goulart. A exumação de Goulart
ocorreu em novembro de 2013 e o resultado em novembro de 2014. Os exames não encontraram
veneno nos restos mortais do ex presidente, morto há quase quarenta anos.
A Operação serviu também
como uma defesa do Estado americano após a guerra, pois temia um conflito nas
mesmas proporções com as ditaduras vividas na América Latina. Era preciso fazer
alianças para evitar o fortalecimento do socialismo ou do comunismo em todo um
continente. Com a queda dos regimes,o tio Sam não precisava mais se preocupar.
A Operação Condor durou até
a onda de redemocratização que o país viveu em 1985, que também ocorria em
países vizinhos. Os Estados Unidos negaram sua participação na Operação Condor,
entretanto, documentos divulgados em 2001, pelo Departamento de Estado provaram
que o governo tinha conhecimento das ações da Operação. O governo dos Estados
Unidos rebateu alegando que nas documentação nada comprova que houve
participação ativa do país nas ações de repressão.
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Sobre a Autora do Artigo
Syl é jornalista, pianista, apaixonada por carros e artes (em especial a primeira e a sétima) e muitas outras coisas. Nas horas vagas compartilha conhecimento no fantástico mundo da bloguesfera.
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