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Como Funciona o Impeachment no Brasil


O que muita gente não sabe é que qualquer pessoa pode encaminhar ao Congresso Nacional uma denúncia de crime de responsabilidade, incluindo os parlamentares. Quem decide se o pedido é procedente e passível de uma comissão especial para análise do pedido é o presidente da Câmara dos Deputados.

Vale salientar que o fato de qualquer pessoa do povo ter essa faculdade de ingressar com um pedido de Impeachment, não significa que este será aceito, uma vez que os populares tendem a usar o papel para reclamar de forma leviana, imprópria e indevida do político que pleiteia que sofra o Impeachment. Quando alguém faz alegações sensacionalistas e pesadas a respeito do representante político a ser punido com Impeachment, ainda que essa pessoa tenha razão de pedido, acaba perdendo a sua credibilidade pela falta de tato em tratar com o assunto. Assim como na vida ou em uma ação judicial, o sentimento deve ser colocado de lado para dar lugar a razão.

Outro ponto importante que deve ser ressaltado é que, ao contrário do que alguns entusiastas da web pensam (como blogueiros), o Impeachment não pode ser iniciado ou influenciado por abaixo assinados. A denúncia que alega crime de responsabilidade deve ser feita por uma pessoa física, onde também deve conter documentação que comprove as alegações.

O Brasil já teve um presidente da república que quase sofreu Impeachment, que foi Fernando Collor, que por sua vez gerou revolta dos populares após o congelamento bancário decorrente da alta inflação. A inflação só pode ser contida após o início do governo de Fernando Henrique Cardoso, que com o Plano Real conseguiu estabilizar uma inflação superior a 900% ao ano.

Collor também era acusado de envolvimento com a corrupção e seu processo de Impeachment durou cerca de sete meses até que a comissão chegasse ao veredito final. Collor renunciou ao cargo antes da sentença e embora tivesse seus direitos políticos cassados, não sofreu o impeachment conforme muitos dizem, pois ele mesmo se absteve do cargo político antes do término das investigações e analises necessárias. O político só teve seus direitos cassados por oito anos porque mesmo após sua renúncia, os parlamentares deram prosseguimento a votação de Impeachment, mas a mesma teve efeito de cassação que resultou a inelegibilidade, e como o presidente no poder era Itamar Franco, não há o que se falar em Impeachment na prática, pois ele só ocorre com o representa em vigor ainda no cargo, ainda que afastado. Em outras palavras, soou da mesma forma que a CBF eliminar o Grêmio da Copa do Brasil de 2014, mesmo depois do clube ter perdido por 2x0 e não ter chances de ser classificado para a próxima fase: “Vou te eliminar já que você está fora mesmo”. O prefeito de Campinas, em São Paulo, Hélio de Oliveira, sofreu o Impeachment em 2011.

Desde 2014, a presidente Dilma Rousseff teve quinze pedidos formais de Impeachment protocolados na Câmara, sendo o mais recente enviado essa semana.

O Impeachment também não pode ser decidido pelo voto popular, a única e exclusiva forma é através da aceitação pelo presidente da câmara dos deputados, que repassa o material para análise de uma comissão parlamentar.

A CPI só analisa o Impeachment, mas quem decide se o pedido será aprovado e encaminhado para os parlamentares votarem é sempre o presidente da câmara, sendo atualmente o recém empossado, Eduardo Cunha.

De acordo com o artigo 142 da Constituição Federal, é permitido que as Forças Armadas interfiram para garantir a proteção à pátria, mas dentro da realidade atual, é muito provável que as Forças Armadas não tenham interesse algum em tomar o poder para “botar ordem na casa”.

Caso o presidente da Câmara encaminhe o pedido de Impeachment aos parlamentares, o documento precisa receber votos de dois terços dos 513 deputados da casa para seguir em frente. Se receber o mínimo exigido, o processo segue para o julgamento no Senado, que por sua vez necessita da adesão de dois terços dos seus 81 membros. A sessão é presidida pelo STF e a decisão final deve sair em até 180 dias após o processo chegar no Senado. Nesse período o presidente investigado, deve ficar afastado do cargo. Caso as investigações extrapolem o prazo, o presidente volta as suas atividades normalmente, porém podendo sofrer o Impeachment a qualquer momento e sem aviso prévio.

Sofrendo o Impeachment, o vice presidente assume o poder. Se o vice sofrer cassação política, existe duas possibilidades: Se for antes da metade do mandato, ocorrem novas eleições diretas. Se o afastamento ocorrer na segunda metade do mandato, ocorrem eleições indiretas, ou seja, somente membros do Congresso Nacional poderão votar e escolher o novo presidente. Enquanto a escolha não for feita, o presidente provisório é o presidente da Câmara dos Deputados, nesse caso, Eduardo Cunha.

Estar ligado a corrupção, crime comum, improbidade administrativa ou atos que coloquem a segurança do país em risco, são passíveis de Impeachment.

Levando em consideração a realidade do país nos dias atuais, o que talvez impeça uma votação de Impeachment são os riscos políticos envolvendo os membros do Congresso, uma vez que possíveis alianças podem se desfazer de forma irreversível. O Impeachment não é descartado, mas também não é garantia em um país que o mais importante é sair ganhando sempre! Mesmo que isso signifique derrota coletiva ou erros com consequências desastrosas e de efeitos imprevisíveis.
_____________________________________________________________________________  Sobre a Autora do Artigo
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Syl é jornalista, pianista, apaixonada por carros e artes (em especial a primeira e a sétima) e muitas outras coisas. Nas horas vagas compartilha conhecimento no fantástico mundo da bloguesfera. 

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