O homem que criou a maior rede de varejo
brasileira é um judeu que sobreviveu ao pior espetáculo de horrores que parte
da humanidade assistiu inerte: O holocausto criado por Adolf Hitler.
Nascido em 15 de novembro de 1923 em uma
família humilde, Samuel Klein é da cidade de Zaklików, na Polônia Nasceu. Samuel era o terceiro dos nove filhos
do carpinteiro Sucker e de Sveza Klein. Trabalhava tranquilamente
como marceneiro em sua pequena cidade quando aos 19 anos os nazistas invadiram
o local e o levaram junto com seu pai para o terceiro maior campo de
concentração da segunda guerra mundial: Majdanek. Sua mãe e seus irmãos
foram enviados para Treblinka.
Dois anos depois ocorreu a libertação da
Polônia, ocasião em que foi levado junto a dezenas de outros prisioneiros para Auschwitz-Birkenau,
que era um dos maiores campos de concentração do sul da Polônia e que foi um
dos símbolos do holocausto. Foram todos obrigados a caminhar mais de cinquenta
quilômetros até o rio Vistula, que era o maior da Polônia. Nessa ocasião, mais
precisamente em 22 de julho, Samuel teve uma atitude ousada que poderia ter
custado a sua vida: fugiu dos soldados nazistas.
Nas palavras do próprio Samuel sobre a
sua fuga naquela noite: "Fui
me escondendo e entrando no trigal cada vez mais. Não sei para onde estava
indo, mas tinha a certeza de me afastar do grupo."
Após a fuga, passou a noite em uma
plantação, sendo acolhido por cristãos que também fugiam dos soldados na manhã
seguinte. Conseguiu retornar a sua casa, mas a mesma estava completamente
destruída. Para sobreviver, conseguiu emprego em uma fazenda, onde trabalhava
exclusivamente em troca de comida. Quando a guerra terminou conseguiu encontrar
dois de seus oito irmãos. Os irmãos Klein decidiram ir morar na Alemanha administrada
pelos americanos, já que na Polônia não conseguiam mais sobreviver. Na ocasião
reencontraram seu pai vivo. Viveram todos juntos em Munique por cinco anos.
Nesse período na Alemanha, Samuel
conheceu o grande amor de sua vida: Chana, com quem se casou e juntos decidiram
construir suas vidas em outro lugar. Seu pai e sua irmã decidiram ir morar em
Israel, onde se sentiam mais seguros e confortáveis, já que lá não havia perseguição
contra os judeus como houve na Europa.
Samuel tentou se mudar para os Estados
Unidos, mas a cota de imigração estava cheia. Como conhecia algumas pessoas na
América Latina, decidiu ir para a Bolívia. Pouco tempo depois, em 1952, a Bolívia
vivia uma difícil situação econômica, política e social com início de uma
revolução violenta. Samuel tinha uma tia que vivia no Rio de Janeiro e assim se
mudou para sua casa junto com a esposa e seu filho, obtendo, posteriormente,
autorização do Itamaraty para viver no país.
Ficou pouco tempo no Rio, mudando-se em
seguida para São Caetano do Sul, em
São Paulo. Com a ajuda de um conhecido que transitava na região do Bom Retiro, comprou uma carteira de cerca
de duzentos clientes e mercadorias de cama, mesa e banho. Passou a vender esses
produtos em uma charrete, batendo de porta em porta pela cidade. Com cinco anos
de trabalho árduo, juntou capital o suficiente para abrir a sua primeira loja. “Batizou”
a loja de Casas Bahia em homenagem aos seus fregueses, que eram em sua
maioria baianos que migraram de sua terra para tentar a vida na indústria automobilística
em São Paulo.
Em cinquenta e sete anos de empresariado
no Brasil, as Casas Bahia possuem mais de 560 lojas espalhadas pelo país. A princípio
a loja vendia roupas de cama, mesa e banho, evoluiu para móveis e hoje conta
com o maior estoque da América Latina de móveis, eletrodomésticos, eletrônicos
e informática. Essa é uma das maiores empresas do Brasil.
Recentemente a empresa participou de
mais uma das inúmeras ações sociais, que foi a reforma da sede do clube
esportivo judaico, Macabi. Em
homenagem a Samuel, a diretoria do Macabi decidiu dar ao edifício reformado o
nome de Samuel Klein. As Casas Bahia juntamente com o Grupo Pão de Açucar é uma
empresa parceira do Teleton Brasil, que realiza anualmente uma maratona
televisiva pela emissora do empresário Silvio Santos, a fim de arrecadar fundos
para a manutenção e construção de novos centros de reabilitação da AACD (Associação de Assistência à Criança
Deficiente).
Apesar de polonês, Samuel se naturalizou
brasileiro pouco tempo depois de se mudar para o país, pois essa é uma condição
para que o estrangeiro possa gozar de todos os direitos políticos, sociais e econômicos
nacionais.
Aos 91 anos, na madrugada de 20 de
novembro de 2014, Samuel Klein faleceu no tradicional Hospital Israelita Albert Einstein; localizado em um bairro nobre
da zona sul; vítima de uma insuficiência respiratória. Klein já estava
internado há quinze dias. Deixou esposa, três filhos, oito netos, cinco
bisnetos e um legado de sucesso que serve de exemplo para milhões de pessoas
que acreditam que apesar das dificuldades e tribulações, podem chegar a um
patamar muito melhor e se consagrarem vencedores.
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Sobre o Autor do Artigo
Syl é jornalista, pianista, apaixonada por carros e artes (em especial a primeira e a sétima) e muitas outras coisas. Nas horas vagas compartilha conhecimento no fantástico mundo da bloguesfera.
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Um homem que sobreviveu a guerra e superou todas as dificuldades no decorrer da vida. Um exemplo de humildade e simplicidade.
ResponderExcluirAbraço.
http://detransimulado.blogspot.com.br/
Lindo artigo amiga
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