A partir da década de 60 a KGB (Komitet
Gosudarstvennoi Bezopasnosti) agiu ativamente em território brasileiro,
sendo este o evento percussor dos partidos comunistas que se instalaram no
país. Ainda que com pouca força, tanto naquela época como nessa, tais
movimentos políticos tem tomado proporção gigantesca de uma maneira quase que
imperceptível aos olhos da maioria das pessoas. Em outras palavras, parece que
eles são fracos e pequenos, mas continuam agindo de forma implícita em boa
parte da politica atual.
Para início de conversa, a KGB, que em tradução livre da sigla
significa Comitê de Segurança do Estado,
era a principal organização de serviços secretos da extinta União Soviética. Seu funcionamento
durou 37 anos (1954-1991).
A organização surgiu ainda no conturbado período da Guerra Fria e com o término dos
sangrentos conflitos entre Estados Unidos e União Soviética, também houve o
encerramento de suas atividades. Na verdade, a KGB deixou de existir, mas foi substituída por outras forças
igualmente influentes, como a FSB
(Federal'naya Sluzhba Bezopasnosti) ou em tradução livre, Serviço Federal de
Segurança Russa e o SVR (Служба
Внешней Разведки Sluzhba Vneshney Razvedki) ou Serviço de Inteligência Estrangeira.
A origem de suas
atividades no Brasil
No final da década de 50 a União Soviética sentiu-se entusiasmada
com a Revolução Cubana, que
implantou o comunismo no país. A fim de expandir sua influência, a KGB passou a
dar uma atenção especial as ações políticas na América Latina.
Naquela época, a União Soviética costumava “terceirizar” os seus
serviços de espionagem, obtendo cada vez mais laços com outras nações, ainda
que de forma discreta. Os terceirizados eram chamados de “estados satélites”, que possibilitavam a atuação da KGB, seja de
forma autorizada ou clandestina. A organização foi, inclusive, responsável por
orientar ações da Romênia no Oriente Médio.
Nesse mesmo período, o boom econômico do Brasil havia atraído
muitos estrangeiros. Dentre estes, uma grande e ativa comunidade de tchecos e
eslovacos, de onde se destacaram empresários e até um importante presidente da
república de ascendência tcheca: Juscelino
Kubitschek.
Essa foi a oportunidade perfeita para que a KGB enxerga-se no
Brasil a oportunidade para infiltrar-se no país. Para conseguir obter sucesso em
seus objetivos, juntou-se a StB (Státní bezpečnost), que era o serviço de
inteligência da Tchecoslováquia. A partir daí, ambas organizações passaram a
atuar em conjunto na América Latina.
Aos poucos, no começo de 1964, a KGB e a StB já dispunham de vários
agentes e colaboradores no Brasil. Eles estavam presentes em diversas áreas,
como empresas privadas e estatais, instituições políticas, forças armadas,
mídia, instituições científicas e o próprio serviço de inteligência nacional.
A KBG, os Estados
Unidos e o Brasil
Em fevereiro de 1964, o presidente americano John F. Kennedy fora
assassinado. Essa foi a ocasião escolhida pela KGB para a implantação da
Operação Toro, que visava convencer a opinião política de que os Estados Unidos
iriam adotar uma política externa agressiva contra a América Latina após o
ocorrido.
A operação “distribuía” informações falsas sobre uma possível
intervenção americana nos países da América Latina, com tom de comunicado
oficial. Os documentos forjados com assinaturas falsas de diplomatas, políticos
e consulados, logo teve sua divulgação em toda a América Latina, gerando
revolta e medo na população, bem como alguns simpatizantes.
Os esforços da Operação conseguiram convencer a opinião política
nacional e internacional de que os Estados Unidos organizaram e financiaram
ativamente o Golpe de 1964 no Brasil, bem como outros na América Latina.
Há alguns anos, vazaram na imprensa mundial documentos que
comprovaram a atuação da KGB no Brasil, bem como documentários foram criados
com depoimentos de pessoas reais que estiveram envolvidos com a organização.
Alguns documentos estavam guardados em um museu tcheco.
Uma das testemunhas, que é ex membro da KGC – o espião Ladislav Bittman
– informou que o famoso jornal O
Semanário pertencia a KGB e era um dos principais instrumentos de
proliferação de informações falsas sobre supostos vilões políticos, a fim de
obter seus objetivos de espionar e intervir na política. Ladislav também afirmou
que haviam diversos jornalistas brasileiros e de países vizinhos à serviço da
organização soviética.
Além de se tornar mais influente, a KGB visava colocar a opinião pública
a nível mundial contra seus principais rivais dentro e fora da guerra (assim
como nos dias atuais): os Estados Unidos. De forma majoritária, a América
Latina acreditou em toda a documentação falsa envolvendo o Estado americano.
Com o fim do regime comunista e separação a Tchecoslováquia e Eslováquia,
a Stb foi considerada uma organização criminosa pelos Estados Unido, sendo
extinta pouco depois. Embora a União Soviética não exista mais, os Estados
Unidos e a Rússia não mantem boa relação política até os dias de hoje. A pedido
de Barack Obama, a Rússia foi excluída recentemente do G-20, bloco econômico do
qual o Brasil faz parte.
As ações realizadas no país são ignoradas no Brasil, sobretudo pela
esquerda política. Uma das consequências da Operação Toro, que pregava
inverdades e colocava nações umas contra as outras, foi a Operação Condor
criada em 1975, do qual o Brasil participou e visava acabar com todo comunista
que fosse uma ameaça ao governo. Tal operação gerou diversas mortes, tanto de
comunistas como de pessoas que estavam no lugar errado, na hora errada.
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Sobre a Autora do Artigo
Syl é jornalista, pianista, apaixonada por carros e artes (em especial a primeira e a sétima) e muitas outras coisas. Nas horas vagas compartilha conhecimento no fantástico mundo da bloguesfera.
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