Apesar do Brasil nunca ter sido governado pela igreja católica nem ter tido o forte domínio que existiu na Europa por séculos, houve alguma influência, sobretudo na arte. Surgia na Europa, mas precisamente na Itália (berço papal), no século XVIII o movimento Barroco, que foi um movimento artístico que influenciou as artes plásticas e posteriormente a literatura, o teatro e até a música. Esse movimento foi inspirado pelo Renascentismo e visava valorizar a antiguidade , realismo e emoção aliado a arte nas construções de igrejas e até mesmo de alguns prédios importantes de governos, onde vivia algum imperador.
No Brasil, em virtude da existência dos padres jesuítas ao tentar ensinar índios e escravos a ler, começaram a ser construídas as primeiras obras barrocas. Essas obras possuíam como características algo que de alguma forma mexesse com o emocional das pessoas. Os desenhos e até estátuas de pessoas ou anjos marcaram uma época que já havia recebido outra marcação: o monopólio e poder da igreja católica, que na época havia perdido muitos fiéis tanto em virtude da reforma religiosa com a criação do protestantismo, como pela forma autoritária e cruel que a igreja reagiu a doutrina de Lutero, mandando matar todos que negassem o catolicismo na época. Para se restabelecer e manter a imagem imponente da igreja, a arte barroca difundia-se pela Europa e posteriormente para algumas cidades na América do Norte e do Sul.
Esse movimento fazia a junção de dois importantes elementos da época: fé e ciência. O primeiro devido a Contrarreforma e o segundo devido a modernidade. Nas pinturas era possível ver elementos medievais juntos a ideais renascentistas, misturando luz e sombra as pinturas. A literatura barroca combinava, mesclava ou confundia pensamentos racionais com os irracionais. As figuras de divindades ganhava formas humanas, muitas vezes assustadoras, que misturava o homem e Deus, os seres celestiais, as supostas divindades, a fé e a razão.
Durante o Brasil Colonial, a presença dos padres jesuítas foi de grande importância no processo de disseminação do cristianismo católico no interior da colônia. Os jesuítas trouxeram da Europa as influências estéticas religiosas que marcaram o estilo barroco. Esse tipo de criação artística surgiu em construções de igrejas e imagens religiosas que tomavam os centros urbanos do país.
Fato interessante é que quando essas construções chegaram ao Brasil, o povo nas as compreendia muito bem, pois o pouco que sabiam sobre a religião era ministrada por padres em catequeses, que lhes apresentavam o caráter sagrado de supostos santos para veneração. Esse povo era constituído em sua maioria de vendedores ambulantes, alfaiates, indígenas, escravos, funcionários públicos e como a maioria dos historiadores costuma dizer: de vadios, ou seja, pessoas que não tinham grande importância para a sociedade, pois não trabalhavam, não tinham profissão, e aparentavam não "querer nada com nada".
Essas construções não eram feitas de concreto ou pedras importadas como são as construções mais tradicionais e caras de hoje em dia, elas eram produzidas com barro cozido, pedra sabão e um tipo de madeira policromada ou dourada. O movimento barroco tentou exprimir uma religiosidade extrema de princípio medieval que se sofisticou com a arte renascentista.
Além do escultor Aleijadinho, que obteve renome internacional, podemos destacar também o pintor Manuel da Costa Ataíde. Ambos viveram o auge do barroco no Brasil, na passagem do século XVIII para o XIX, promovendo um estilo próprio que tendeu a eliminar alguns dos excessos perceptíveis nas obras que tinham maior aproximação com o barroco desenvolvido no Velho Mundo.
Os itens acessórios das imagens pintadas ou esculpidas tinham um valor narrativo onde o observador podia identificar um santo e sua história através, por exemplo, do dragão de São Jorge; ou a chave dos céus carregada por São Pedro.
No Brasil, a arte barroca não foi só mau "moda" trazida da Europa, foi uma forma de prosperidade de muitas famílias, pois muita gente começou a esculpir, pintar e vender arte barroca para conseguir seu sustento, assim, muitos daqueles que estavam há anos marginalizados pela sociedade começaram a trabalhar com arte.
Uma das mais intrigantes situações da época se deve remete à formação de um mercado consumidor dessa arte de caráter fortemente religioso. As irmandades ou "sociedades", igrejas e particulares eram os principais consumidores das construções arquitetônicas e imagens barrocas. Atualmente, o barroco possui grande valor histórico e estético e a maioria das obras estão concentradas em regiões do interior mineiro e no Nordeste.
A arte barroca é reproduzida nos dias de hoje em produções cinematográficas, principalmente as de Hollywood. Na maioria das vezes, os longa metragens que trazem essa arte, envolvem enredos sombrios de suspense ou terror, escândalos ou ocultismo no catolicismo e ficções de bruxas e demônios. Tudo isso devido as pinturas, esculturas e estátuas um tanto "assustadoras" para qualquer época.
Apesar do tempo que já se passou, é possível encontrar algumas construções barrocas antigas no Brasil, como em Ouro Preto, em Minas Gerais e várias cidades da Bahia, local de maior existência de padres jesuítas durante o Brasil Império. Esse tipo de arte revelou ao mundo um dos maiores artistas da cultura brasileira da época, Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como "Aleijadinho". Fato interessante de se ressaltar nesse desfecho é que muitos brasileiros nem ao menos sabem o que é a arte barroca, situação que evidencia que a igreja daquela época não conseguiu disseminar a ligação da religião com a arte no Brasil de forma dominante.
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