Durante o Brasil Colônia, apesar de não existir as facilidades de comunicação e conhecimento que a globalização oferece nos dias de hoje, o Brasil era visto no exterior como uma mina de ouro e muitas nações se interessavam pelas terras brasileiras por inúmeros motivos, mas principalmente, pela exploração colonial. Após a criação do Tratado de Tordesilhas, as terras descobertas por Portugal e Espanha foram divididas e isso gerou descontentamento as nações que não puderam "pegar uma fatia desse bolo". Na época, Portugal e Espanha eram os maiores exploradores de terras de todo o mundo, onde saiam pelo mar a fim de fazer novas descobertas e como consequência inúmeros países da América Latina e Europa foram descobertos e "batizados" por espanhóis ou portugueses.
Algumas das nações que demonstraram descontentamento com o "monopólio" dos portugueses no Brasil, era a Holanda, a Inglaterra e a França, estas que por sua vez começaram a investir na invasão e exploração de terras recém descobertas, entre elas as colônias portuguesas. Portugal sempre demonstrou poder em suas colônias, sobretudo sobre o Brasil, mas por ser um território muito grande, passou por algumas dificuldades para protegê-lo.
Os franceses foram os primeiros a cobiçarem as terras brasileiras. Os principais motivos que os trouxeram a América do Sul foram fundar uma colônia no Brasil para poder participar e usufruir do lucrativo mercado da exploração colonial e uma outra importante parcela era constituída de protestantes que objetivavam criar uma colônia no país para iniciar uma nova vida longe da perseguição do catolicismo existente na França e em quase toda Europa naquela época.
Os franceses não chegaram de uma vez, primeiro vieram conhecer o território e tentar obter algum lucro. Dessa forma, ainda no ínicio do século XVI fizeram várias visitas ao litoral brasileiro a fim de contrabandear o Pau Brasil, que era cobiçado e caro quando revendido na Europa.
Foi em 1555 que vários franceses calvinistas invadiram o Brasil, mais precisamente no estado do Rio de Janeiro. Chegaram em uma expedição de aproximadamente cem homens distribuídos em dois navios franceses. Esses invasores eram os protestantes que fugiam da perseguição religiosa executada pela corte francesa. Durante muitos anos a igreja católica tinha influencia e poder sobre a política, economia e cultura de inúmeros países europeus, dentre eles a França. A igreja não aceitava nenhuma outra crença e quando Lutero criou o protestantismo, baseado na bíblia, mas questionando os abusos e controvérsias praticados pelo catolicismo na época, como o fato da igreja venerar santos quando a bíblia abomina tal prática e muitos outros costumes. O papa da época mandava perseguir, prender e até matar aqueles que negassem a igreja. Não se tratava de negar a Deus, mas sim a igreja, que era a "senhora absoluta da idade média". Logo, os protestantes de diferentes países tinham três opções: fugir, esconder sua preferência religiosa ou negá-la e concordar com o monopólio religioso da época. Era algo semelhante ao que muitos judeus fizeram na segunda guerra mundial, porém, sem tanta proporção, já que não havia guerra entre nações, mas sim da religião com os "desertores".
Vieram para o país liderados pelos almirante francês Nicolau Villegagnon, que após não conseguir se instalar onde hoje é o Forte Tamandaré da Laje, se dirigiram a Ilha de Serigipe (que hoje leva o sobrenome do almirante: Ilha de Villegagnon), onde fundaram o atual munícipio do Rio de Janeiro, porém na época recebeu o nome de colônica da França Antártica. Como a tribo indígena Tamoio era inimiga da exploração dos portugueses, passaram a apoiar os franceses recém chegados ao país.
Essa colônia francesa abrigava, em sua grande maioria, os protestantes calvinistas, mas também recebeu alguns católicos que queriam fugir do clima de confrontos religiosos na França. Tudo parecia pacífico no inicio, até que eles começaram a se desentender. Três anos mais tarde, o almirante retornou a França, pois não conseguia colocar ordem na colônia Antártica. Haviam muitas rixas entre os católicos e protestantes e muitos colonos iam contra o regulamento da época quando saiam a procura das índias locais para se divertirem. Antes de deixar o Brasil, condenou a morte vários colonos rebeldes e expulsou os calvinistas para viverem a margem da baía.
Em 1560, o governador geral do Brasil Mem de Sá, uniu artilharia portuguesa com informações obtidas por franceses desinentes e abriu fogo contra as defesas da ilha, destruindo tudo pela frente. No dia seguinte, realizou uma missa solene para comemorar a vitória da operação, mas ainda assim, os franceses permaneciam no país.
O "jeitinho brasileiro" já se mostrava nessa época, quando o governo de Mem de Sá conseguiu obter o apoio dos jesuítas José de Anchieta e Manuel de Nóbrega para convencerem os índios a abandonarem a aliança de proteção e apoio que tinham com os franceses. Esses jesuítas tinham apoio e respeito da maioria dos índios, pois tentavam ensiná-los a escrever e também a conhecer a religião. Doze anos depois da invasão francesa, o governo do sobrinho de Mem de Sá, Estácio de Sá, conseguiu reforços militares de Portugal e expulsou os franceses do Rio de Janeiro.
Após os franceses serem derrotados nas batalhas da praia da Glória (extinta nos dias atuais) e da atual Ilha do Governador, a cidade foi transferida para o alto do "estranho" Morro do Descanso e recebeu o novo nome, posteriormente, de Alto da Sé, Alto de São Sebastião, Morro de São Januário e Morro do Castelo, este desmontado em 1922.
Aquele com certeza não era o fim dos franceses em território brasileiro, que mesmo sem possuir uma colônia, continuou com alguns grupos em alguns trechos do litoral, mais precisamente na região de Cabo Frio, onde mantinham algumas feitorias.
Quarenta e cinco anos depois da expulsão dos franceses, mais precisamente em 1612, eles voltaram para o país, escolhendo dessa vez o Estado do Maranhão e região. Nessa segunda invasão foram liderados pelo general Daniel de La Touche e fundaram a França Equinocial. Para não passar pelo problema dos protestantes, construíram um forte em volta da região dominada para se protegerem. Esse forte recebeu o nome de Forte de São Luís. Apesar dos esforços, essa invasão durou bem menos, apenas três anos, quando foram expulsos pelos portugueses.
Entre 1710 e 1711, fizeram nova tentativa de invasão ao estado do Rio de Janeiro, mas mais uma vez foram contidos pelos militares portugueses.
Além dessas invasões, era comum o aparecimento de piratas de diferentes nacionalidades no litoral brasileiro. Essa pratica se intensificou após a descoberta do ouro no país. Duas importantes invasões piratas no país ocorreram no Rio de Janeiro em 1710 por corsários franceses.
Antes da França Antártica e Equinocial, foram encontrados documentos que comprovam a primeira tentativa de invasão ao Brasil por parte da França no ano de 1531. Dessa vez o alvo foi a Ilha de Santo Aleixo, que durou seis meses, mas foi frustrada após militares portugueses os expulsarem da ilha. Durante esse período de seis meses, os franceses renomearam a ilha para Île Saint-Alexis.
Existem registros históricos, em sua maioria marcado por mapas, que indicam que o objetivo da França no Brasil durante a primeira invasão era conquistar o litoral do nordeste, que ia da foz do Rio Paraíba (na época chamado de Foz do Rio São Domingos) e Ceará (na época chamado de Acaraú). Esse projeto foi descartado após o desastre militar francês na Batalha Naval de Vila Franca em que Filippo Strozzi foi derrotado.
Apesar das investidas francesas terem fracassado, não significava que o Brasil não estava prestes a ser apunhalado por outras nações, que deixariam sua marca registrada na história do país.
Syl é jornalista, pianista, apaixonada por carros e artes (em especial a primeira e a sétima) e muitas outras coisas. Nas horas vagas compartilha conhecimento no fantástico mundo da bloguesfera. Siga @SylOficial |
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