domingo

A Copa do Mundo 2014 Já Tem os Vencedores: David Luíz e James Rodriguez


A Copa do Mundo 2014 deu o pontapé inicial na "redonda" dia 12 de junho de 2014. Criticada por alguns, usada como válvula de escape por outros e massacrada pela imprensa marrom que exportou para o mundo uma realidade fictícia que fez de uma minoria portadora da síndrome de "vira latas" a imagem de todo um povo que ama e respeita o futebol.

Alguns grupos, influenciados por partidos e movimentos políticos, outros por rebeldia sem causa, criticavam a Copa dizendo que o brasileiro não precisava dela. Xingava em redes sociais os jogadores, os rotulando de mercenários e até de exploradores (de quem?). A imprensa internacional aceitou a manchete sensionalista de ano eleitoral e começou a dizer que essa seria a pior Copa do mundo e que uma grande tragédia poderia acontecer no Brasil durante a competição. O vandalismo de alguns grupos fez com que todos os brasileiros levassem fama de desordeiros, violentos e perigosos meliantes convivendo livremente na sociedade. Teve estrangeiro que se assustou e deixou de vir ao Brasil. Teve estrangeiro que veio com medo e se surpreendeu.

Se o Brasil tem problemas sociais? Vixi! E muitos! E qual nação que não tem? Mas que culpa o Neymar, o Fred ou o Felipão tem disso? Não é o nome deles que aparece nas urnas a cada dois ou quatro anos. Descontar a revolta entalada na garganta no futebol não mudaria a minha, a sua, a nossa situação. A arma que os brasileiros possuem em mãos são as urnas, seguidas de fiscalização nas ações políticas e o hábito de saber, por exemplo, o que é uma emenda popular ao invés de acessar a internet apenas para reclamar em redes sociais. Os brasileiros inteligentes adotaram esse raciocínio e contagiaram o restante do país. O grito dos desordeiros não podiam mais ser ouvidos, pois 32 nações gritavam em diferentes idiomas: GOOOOOOOOOOLLL!

O esporte é o único que consegue, ainda que momentaneamente, juntar nações que não conseguem se entender em aspectos políticos e religiosos. Você vê em campo muçulmanos, cristãos e judeus. Representantes políticos que se "mordem" o ano todo e que "abaixam a bola" para ver suas seleções em campo.

Tivemos episódios felizes, assustadores, emocionantes, bizarros e tristes. O desespero na disputa por pênaltis, a polêmica e bizarra mordida de Suarez no italiano (o que faz um cara brincar de cachorrinho em campo?); a surpresa das seleções da Holanda e Colômbia conseguirem ir tão longe na competição, os estrangeiros elogiando o trem e metrô de São Paulo (eles disseram que é mais barato, mais limpo e muito melhor que o de Londres, onde vivem e você ai chorando por míseros vinte centavos que nem dá para comprar uma bala); a alegria de um povo que mesmo não possuindo dinheiro para comprar um ingresso, ficou do lado de fora do estádio torcendo por seleções que nem eram do Brasil, a gentileza de estrangeiros como um alemão que se dirigia ao Castelão e sem dizer uma palavra entregou dois ingressos na mão de um menino pobre com sua mãe que admirava a torcida passando nas divisórias de acesso ao estádio; da menina cega que escreveu um cartaz para a seleção da França dizendo que não podia vê-los, e que conseguiu fotografar com dois jogadores que se sensibilizaram; de Cristiano Ronaldo visitando o Batalhão do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal; da tristeza de Neymar sofrendo uma lesão a dois jogos da final e muitos outros. Certamente haverá outros momentos marcantes, mas não tanto como um em especial.

A Copa do Mundo 2014 ainda não terminou, mas se hoje fosse a sua final quem dividiria o troféu de melhor do mundo seria David Luíz e James Rodriguez.

O árbitro apitou o final de uma partida repleta de faltas duras que não foram punidas e com o atacante Neymar sendo retirado do campo em uma maca, posteriormente substituído por Henrique. A alegria era da seleção brasileira. Noventa por cento dos presentes no estádios torciam pelo Brasil. A festa era digna de uma final. O povo gritava, os jogadores agradeciam a torcida, se abraçavam, gritavam, sorriam. Do lado oposto do campo estava o artilheiro da Copa, o colombiano James Rodriguez, chorando como uma criança. James foi covarde ao chorar? Não! Esse cara teve muita coragem! Ele colocou o posto de artilheiro e de estrela do futebol colombiano de lado e mostrou seu lado humano. Ele chorou porque acreditava que tinha chances de ser campeão, estava decepcionado com ele, com a equipe, com o jogo ou com tudo. Ele teve coragem de mostrar seus sentimentos com humildade, sem descontar nos outros.

Do lado de dentro da festa estava David, autor de um dos gols brasileiros, jogador aclamado. Ele não olhou só para a torcida eufórica à sua  frente, ele olhou para o lado e viu um ser humano chorando. Ele sabia o que era aquilo. Os brasileiros que amam futebol sabem o que é isso. Me recordo quando o Brasil foi eliminado na Copa de 2006. Robinho caiu ajoelhado no chão chorando e eu... chorei feito um bebê com as fraldas sujas. Parece idiota uma pessoa chorar por causa de futebol, mas só entende quem já torceu pelo seu país ou pelo seu time. Não se trata de fanatismo, pois é momentâneo e às vezes as pessoas tem tantos problemas que ter a alegria de ver seu time ou seleção ganhando muda o seu humor, torna tudo mais alegre. Não paga conta, não muda saldo da conta bancária, mas é um motivo para sorrir nesse mundo que só oferece motivos para chorar, se revoltar e perder a fé em si mesmo. Reclamar do salário dos jogadores não faz ninguém ficar rico, a pessoa faz isso, nem os governantes são responsáveis por esses feitos.

David atravessou o campo, falou com o colombiano, o abraçou, trocou camisa com ele e pediu aplausos da torcida para Rodriguez. Enquanto muitos faziam piadas com o adversário "caído" e até hostilizava o grupo devido a falta dura encima do craque Neymar, David mostrou que para jogar futebol tem que ser muito racional e não misturar as coisas. Sua atitude contagiou Daniel Alves e companhia que também cumprimentaram o artilheiro colombiano. 

A atitude de David parece pequena e até mesmo boba; a humildade de James ao demonstrar seus sentimentos mesmo sendo um craque e aceitar o apoio do adversário também deveria ser normal, mas não é, e por isso chama a atenção. Não é,  pois nós já não respeitamos as diferenças. Não é, porque infelizmente o brasileiro nem se deu conta que se tornou um grande atirador de pedras condenando a todos, até a si mesmo, mas não aceitando ser condenado por outras pessoas. Ter uma atitude de humanidade em um mundo desumano nos deu um forte tapa na cara e mesmo sem dizer uma palavra nos mostrou que as coisas só podem ser diferentes se nós formos diferentes. A FIFA levantou a bandeira do fim da discriminação no futebol e a CBF costuma levantar a bandeira do fim da violência no futebol durante partidas do campeonato brasileiro, mas melhor do que as palavras em uma faixa, são as imagens desses dois jovens atletas para estampar a campanha de respeito mutuo ao adversário. E tenho certeza que serviu de exemplo para muitos, embora outros não tenham sido espertos o bastante para se ligar na mensagem desse ato.

David tweeta para James um dia após o jogo
O rapaz que sempre se ajoelha em agradecimento a Deus a cada gol ou vitória, mostrou porque existem muitos jogadores de futebol, mas poucos sabem jogar no campeonato da vida. Com certeza, eu e milhões de pessoas querem o Brasil campeão. Aguardamos o hexa desde 2006 e nada mais justo do que conquistarmos esse pleito dentro de casa, mas ainda assim, os que realmente se mostraram dignos de campeões foram eles: Rodriguez e David.

Orgulho de ter visto essa atitude na Copa realizada no Brasil. Orgulho de ter sido um brasileiro a ter essa atitude para tapar a boca de todos os supostos torcedores que desejaram absurdos contra Zuñiga nas redes sociais. Orgulhosa de ver que o temor a Deus faz as pessoas serem diferentes. Já somos campeões! Disso não tenho dúvida! Nossa taça foi levantada na sexta feira! Comemore, isso é Brasil. Ou melhor: Isso é o que deveria ser o Brasil. "Bóra" seguir esse exemplo bom, pois não é sempre que eles são mostrados. 

Breve entrevista pós jogo com David e James
_______________________________________________________________________________  Sobre o Autor
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Syl é jornalista, pianista, apaixonada por carros e artes (em especial a primeira e a sétima) e muitas outras coisas. Nas horas vagas compartilha conhecimento no fantástico mundo da bloguesfera.  

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